-
Arquitetos: Baixo Impacto Arquitetura
- Área: 275 m²
- Ano: 2022
-
Fotografias:Oolhar.co
-
Fabricantes: Alexandre Mil, Calhas Premium, Casas Madestilo, Espinha de peixe atelier, Império Impermeabilização, Maccaferri, Madeireira Biguaçu, Movelaria Artesanal, RJA terraplanagem, Ser Bambuzeiro, Serralharia Guimarães, Serralharia Palhoça, da Terra Bioconstrução
Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa Abacateiro nasce do anseio de um casal em criar um espaço amplo e acolhedor para receber sua família, onde os limites entre o interior e o exterior, a casa e o jardim se fundem harmoniosamente, proporcionando uma sensação de conectividade e amplitude. Com essa proposta em mente, a casa se divide em dois blocos distintos.
O bloco Sudoeste abriga os quartos, banheiros e a área de serviço. Ele é mais reservado e sólido, composto por dois pisos e estruturado em concreto. Já o bloco social Nordeste é mais amplo e é definido por uma robusta estrutura de madeiras de demolição, cujas marcas contam uma história. Essa estrutura repousa sobre duas vigas metálicas, que possibilitaram a criação de uma ampla abertura para o espaço externo.
Ao longo de toda a casa, uma sequência de coberturas ajardinadas em diferentes alturas faz parte da estratégia bioclimática adotada, permitindo o controle da entrada de luz solar e ventilação natural, contribuindo para a climatização passiva. Durante o verão, as coberturas sombreiam os espaços internos, enquanto no inverno elas permitem a entrada direta do sol em pontos estratégicos, por meio de aberturas nos vãos entre as coberturas e planos de cobertura translúcidos que utilizam bambu como filtro solar. As aberturas altas entre esses planos também permitem o controle da ventilação e resfriamento durante o verão, utilizando o efeito chaminé.
O ajardinamento no telhado oferece diversos benefícios, como o aumento da inércia térmica e a redução do efeito de ilha de calor, além de criar um percurso pelos jardins que nos leva ao ponto mais alto da casa, permitindo vislumbrar o mar.
Separando os dois blocos, uma grande parede de terra crua construída utilizando a técnica artesanal e ancestral de pau-a-pique traz a sensação calorosa da terra, estabelecendo um diálogo com as madeiras robustas e o rodapé de pedra natural. Além disso, ela contribui para a estratégia bioclimática ao reter o calor do sol de inverno durante o dia e liberá-lo gradualmente no final do dia e à noite, aquecendo os quartos nos momentos mais frios. Por ser de terra crua esta parede também desempenha um papel fundamental no controle da umidade interna, funcionando com um grande desumidificador. Essa imponente parede possui um reboco natural de terra, mas revela sua composição através de uma "janela da verdade", sem reboco, permitindo vislumbrar sua construção e materialidade.
No que diz respeito aos materiais selecionados, foram priorizados aqueles com alta durabilidade e baixo impacto ambiental, como a madeira de demolição, cuidadosamente escolhida para cada espaço e função, as paredes de pau-a-pique e os revestimentos naturais, incluindo a tinta de cal produzida no próprio canteiro. Além desses materiais, o ferro também se destaca, sendo utilizado pontualmente nas duas grandes vigas que sustentam o amplo vão e nos guarda-corpos, enquanto o cimento é utilizado nos acabamentos do piso e nas bancadas da cozinha. A opção estética foi assumir a crueza de cada material e criar um jogo de harmonia entre as diferentes texturas e cores.